Você já percebeu como a tecnologia automotiva está evoluindo rapidamente? Profissionais do setor de reposição precisam estar sempre atualizados. Novidades surgem diariamente tanto nas lojas de peças quanto nas oficinas. Para se manter competitivo no mercado, é crucial buscar novos conhecimentos e explorar oportunidades.
Hoje, vamos falar sobre uma dessas inovações: as suspensões eletrônicas inteligentes. No Brasil, essas suspensões ainda são raras e estão presentes em poucos modelos de carros premium. No entanto, globalmente, elas já são uma solução bem estabelecida, utilizadas em motocicletas, carros, SUVs, jipes, picapes e veículos esportivos. Interessado? Vamos lá!
Uma invenção surpreendente
A primeira suspensão inteligente com controle eletrônico foi desenvolvida pela Lotus em 1982. Na época, os britânicos planejavam utilizar essa tecnologia em seus carros esportivos de rua e também nos carros de corrida da marca. Apesar de ser um sistema eletro-hidráulico bastante caro e complicado, ele obteve êxito apenas na Fórmula 1.
Essa inovação enfrentou vários desafios, levando a Lotus a “arquivar” o projeto por diversos anos. A equipe Williams adotou o conceito e, com a contribuição de Nelson Piquet, venceu o campeonato em 1987. Em 1992, Ayrton Senna descreveu esses carros como “veículos de outro planeta” devido à evolução da tecnologia!
Popularização japonesa da ideia
A Toyota lançou a primeira suspensão inteligente verdadeiramente prática em 1983, simplificando o sistema eletrônico e introduzindo eletroválvulas dentro dos amortecedores para controlar o fluxo do óleo. No Brasil, o Escort XR3 Fórmula e alguns veículos importados da década de 1990 contaram com essa tecnologia.
Descobrindo o fluido magnético
Embora tenha gerado muitos problemas nas oficinas, a ideia de utilizar válvulas “ativas” foi aproveitada. Em 2002, a GM foi pioneira ao lançar um carro com amortecedores magneto-reológicos. Esse sistema funciona com um fluido especial que altera sua viscosidade conforme a força magnética aplicada.
Os amortecedores possuem uma ou duas bobinas que atuam como eletroímãs. Com a alteração da intensidade do campo magnético, o fluido passa pela válvula com resistência variável. A quarta geração dessa tecnologia é capaz de ajustar a suspensão até 1.000 vezes por segundo!
Com esse sistema, um veículo se assemelha a um “computador com rodas”. Para alcançar um nível elevado de inteligência e resposta, diversos sensores, câmeras e até lasers são utilizados. O módulo eletrônico frequentemente recorre a dados de GPS para se antecipar ao tipo de terreno.
Suspensões eletromagnéticas
É difícil imaginar como essas suspensões funcionam, mas existe um sistema ainda mais avançado, onde o veículo praticamente não se move. Criado pela Bose, famosa por seus sistemas de som, eles desenvolveram em 1986 um “amortecedor eletromagnético”. Internamente, era um motor elétrico linear.
Embora utilizasse apenas eletricidade e uma eletrônica sofisticada, o sistema não progrediu devido ao seu alto custo, peso e complexidade. No entanto, é tão eficiente que ainda pode ressurgir no futuro.
Sistemas inteligentes pneumáticos
Outro tipo de suspensão inteligente, muito comum em veículos de luxo, é o sistema eletropneumático. Conhecida por quem trabalha com jipes importados, essa tecnologia equipa diversos modelos da Land Rover. Embora suas reações sejam mais lentas, possuem grande popularidade.
Esse sistema robusto oferece um elevado padrão de conforto e permite significativas variações de altura. Com ele, é possível elevar o veículo para transitar em estradas de terra ou trechos alagados e baixar a carroceria para facilitar o carregamento ou permitir alta velocidade.
Barras estabilizadoras ativas
Até agora, abordamos componentes inteligentes que substituem os amortecedores e molas. No entanto, as suspensões eletrônicas modernas possuem outro “trunfo”: as barras estabilizadoras ativas. Essa tecnologia não é nova, tendo sido introduzida no Citroën Xantia em 1994.
Em alguns modelos atuais, como nos SUVs da Audi, essas barras são eletromecânicas. Semelhantes a uma direção elétrica, possuem um motor central, um sensor de torque e engrenagens. Este conjunto é montado no centro do carro, com braços conectando-se a cada suspensão.
Uma inteligência impressionante
Agora imagine combinar o melhor de todas essas tecnologias em um único carro. Embora parecesse impossível, a Mercedes-Benz conseguiu! Em 2018, lançou o “E-Active Body Control”, o sistema de suspensão e direção mais inteligente do mundo, atualmente disponível nas séries E e S.
Com cinco processadores, mais de 20 sensores e uma câmera para analisar o pavimento, cada roda inclui uma bolsa pneumática no lugar de uma mola, e o amortecedor é eletro-hidráulico. O sistema é acionado por bombas elétricas de 48 volts, ajustando-se até 1.000 vezes por segundo.
Com tanta tecnologia, o veículo mantém-se estável e silencioso, surpreendendo até mesmo os motoristas mais experientes! A central multimídia oferece seis programas de condução: econômico, conforto, esporte, esporte+, curvas e personalizado. Nos SUVs, também há a opção off-road.
Dependendo da utilização e velocidade, é possível elevar o veículo em três centímetros ou abaixá-lo dois centímetros. Outro recurso extraordinário é a alteração do sistema em caso de acidente. Ao detectar uma possível colisão, as suspensões sobem oito centímetros para aumentar a segurança.
Em breve nas lojas e oficinas
Embora pareçam distantes da nossa realidade, esses veículos já circulam por aqui. Quando envelhecem, deixam as concessionárias e entram no mercado de reposição. Por isso, é essencial conhecer essas inovações e preparar-se para atender essa frota nos próximos anos.
Veículos com suspensão inteligente, como os da Mercedes-Benz, exigem atenção especial. O alinhamento é realizado com equipamentos específicos, e seus sensores são tão precisos que qualquer dano pode resultar em falhas.
Para selecionar as peças adequadas, avaliar a qualidade dos fornecedores e realizar uma manutenção impecável, donos de lojas, vendedores e mecânicos devem estar atentos aos avanços em eletroeletrônica automotiva. Fique de olho em cursos, equipamentos e novas ferramentas.
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