Fiat Strada é a picape compacta mais vendida do Brasil, mas recebe 1 estrela em teste de segurança do Latin NCap
A picape Fiat Strada, sucesso de vendas no Brasil, obteve uma classificação abaixo do esperado nos testes de segurança realizados pelo Latin NCap. Este programa avalia a segurança dos veículos novos vendidos na América Latina. Na mais recente rodada de testes, revelada na quinta-feira, 20 de outubro, a picape marcou apenas 1 estrela, em uma escala que vai de 0 a 5 estrelas.
Produzida em Betim, Minas Gerais, a Fiat Strada foi submetida às avaliações do Latin NCap nas versões com cabine simples (também chamada de cabine plus) e cabine dupla. Os resultados se aplicam igualmente à Ram 700, um modelo baseado na Strada e comercializado em outros países da América Latina.
O Latin NCap destacou como motivos principais para a baixa pontuação da Strada – o automóvel mais vendido no Brasil – a instabilidade estrutural da carroceria, o desempenho inadequado dos airbags laterais (apenas disponíveis na cabine dupla), discrepâncias entre os bancos das versões de cabine simples e dupla, e a ausência de sistemas de assistência à condução.
Desde dezembro de 2019, seguindo os protocolos da fase XIII do Latin NCap, a Fiat Strada passou por testes rigorosos, incluindo colisões frontal e lateral, impacto lateral contra poste, whiplash (efeito chicote no pescoço), proteção de pedestres, frenagem autônoma de emergência, assistência de velocidade e controle de estabilidade.
Na análise referente à segurança, a Fiat Strada com cabine simples alcançou 47% na proteção de adultos, 22% na proteção de crianças, 40% na proteção de pedestres e usuários vulneráveis nas vias, e 42% na eficiência dos assistentes de segurança. A versão de cabine dupla obteve, respectivamente, 41%, 53%, 40%, e 49% nessas categorias. Ambas as versões receberam uma nota geral de apenas 1 estrela.
O teste de impacto frontal revelou instabilidade na estrutura da carroceria, particularmente na área dos pés dos ocupantes dianteiros. No teste de impacto lateral contra poste, a abertura incorreta e tamanho reduzido dos airbags laterais na Strada com cabine dupla prejudicaram a proteção da cabeça e tórax do motorista e passageiro. O Latin NCap afirmou que o desempenho insatisfatório desses airbags indica alta probabilidade de lesões graves.
“Este resultado dos airbags laterais no teste é um ponto de atenção do Latin NCap, mostrando que a presença de um elemento de segurança não garante seu correto funcionamento”, ressalta a entidade, em nota oficial.
Nos testes de whiplash, a proteção proporcionada pelos bancos foi boa na Strada cabine dupla, mas ineficiente na versão cabine simples, apresentando desempenho inferior ao esperado. A diferença entre os bancos foi expressiva e impactou negativamente o resultado final.
A proteção infantil foi apropriada em testes de colisão; entretanto, a pontuação geral foi prejudicada pela falta de âncoras i-Size nos pontos Isofix e pela ausência de uma opção de desativação do airbag dianteiro do passageiro, conforme exigências do Latin NCap.
A ausência de recursos de segurança ativa, como frenagem autônoma de emergência, sistemas para evitar mudanças indesejadas de pista, detecção de ponto cego, e controle de velocidade agrava ainda mais a baixa pontuação na categoria de sistemas de assistência à condução. Vale mencionar que o modelo de cabine simples também não possui alerta de cinto de segurança para o passageiro dianteiro.
O que é Latin NCap?
O Latin NCap é uma instituição independente, dedicada a testar a segurança de veículos novos no mercado latino-americano e do Caribe. Fundado em 2010, equivalente ao Euro NCap europeu, iniciou suas avaliações de colisão em 2011.
Com o protocolo vigente de 2020 a 2024, divide seus testes em quatro categorias principais: proteção dos ocupantes adultos, proteção dos ocupantes infantis, proteção de pedestres e sistemas de assistência ao condutor. A classificação geral do veículo depende do menor índice obtido entre os grupos.
Os testes do Latin NCAP ocorrem na Alemanha, nas instalações da ADAC, próximo a Munique. Os impactos frontais são simulados com uma colisão a 64 km/h contra uma barreira deformável cobrindo 40% da área frontal do veículo. Nos impactos laterais, uma barreira acerta o veículo a 50 km/h, e no impacto lateral contra um poste rígido, o veículo é lançado transversalmente a 29 km/h.
Durante os testes de condução, o desempenho da frenagem autônoma de emergência em velocidades de até 50 km/h (situações urbanas) e até 80 km/h (situações interurbanas), além do alerta de utilização dos cintos de segurança, controle eletrônico de estabilidade e limitadores de velocidade são criteriosamente verificados.
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