A BR-155 é uma rodovia federal crucial que atravessa os estados do Pará e Tocantins, conectando as cidades de Marabá e Wanderlândia Esta estrada é vital para o escoamento das produções agrícolas e minerais da região, porém enfrenta desafios significativos, como a falta de pavimentação, episódios de violência e disputas fundiárias
A trajetória da BR-155
Instituída em 1964 como parte do Plano Nacional de Viação, a BR-155 foi idealizada para integrar o território brasileiro através de uma infraestrutura rodoviária abrangente Ela foi planejada como uma alternativa à BR-153, cruzando o território nacional de norte a sul, com um trajeto mais próximo à costa e utilizando os recursos hídricos dos rios Tocantins e Araguaia
Entretanto, sua construção foi marcada por diversos obstáculos, como atrasos, desvios financeiros e irregularidades Muitos trechos foram deixados inacabados ou entregues em condições inadequadas para o trânsito A abertura da rodovia incentivou uma ocupação desordenada, resultando em conflitos entre agricultores, posseiros, povos indígenas e comunidades quilombolas
A situação atual da BR-155
Atualmente, a BR-155 possui uma extensão de aproximadamente 900 km, dos quais apenas 300 km estão pavimentados O restante é composto por estrada de terra ou cascalho, dificultando o trânsito de veículos e encarecendo o transporte A via sofre com a falta de manutenção, precariedade na sinalização e insegurança Assaltos, acidentes e atentados são frequentes na rodovia
A BR-155 também enfrenta constantes disputas de terras De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), é uma das áreas mais violentas do Brasil em termos de conflitos agrários Entre 1985 e 2019, foram registrados 125 assassinatos relacionados a disputas fundiárias na região, com destaque para o massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996, onde 19 camponeses foram mortos pela polícia durante uma manifestação
Desafios futuros para a BR-155
Frente a essa realidade, a BR-155 tem múltiplos desafios para se tornar uma rodovia eficiente e segura Um deles é a conclusão das obras de pavimentação e recuperação dos trechos não asfaltados Em 2019, o governo federal anunciou um plano para investir R$ 1,8 bilhão na infraestrutura da estrada até 2022, contudo, o cronograma está atrasado
Outro desafio é a regularização fundiária das áreas ao longo da rodovia É necessário assegurar os direitos dos povos tradicionais da região, além de fomentar a reforma agrária e o desenvolvimento sustentável Isso requer o fortalecimento dos órgãos encarregados da fiscalização e mediação de conflitos, como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
Além disso, garantir a segurança dos usuários da rodovia é imprescindível, necessitando do combate à criminalidade e violência Isso envolve a colaboração das forças policiais federais, estaduais, municipais e da sociedade civil organizada A BR-155 não só é estratégica para o desenvolvimento nacional, mas também reflete os problemas históricos e sociais da região
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