Você certamente conhece alguém que, assim como um médico, afirma ter a solução perfeita para cada sintoma que aparece, não é mesmo? A justificativa costuma ser a mesma: “Eu já usei e funcionou”.
Entretanto, o que muitas pessoas não percebem é que a automedicação pode ser prejudicial à saúde. Isso porque, ao se automedicar, você pode não estar tratando uma doença subjacente, mas apenas aliviando seus sintomas.
Estudos conduzidos pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ), em 2016, revelaram que 72% dos brasileiros costumam se automedicar. Muitos justificam essa prática com a desconfiança nos médicos disponíveis nos hospitais e a insatisfação com a demora no atendimento.
Além disso, a pesquisa também mostrou que 40% dos brasileiros fazem autodiagnósticos em casa, usando a internet. Marcus Vinicius Andrade, diretor do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico do ICTQ, alerta que o grande problema é que as pessoas não entendem que, ao pesquisar sintomas online, encontram diversas possibilidades e dificilmente conseguem identificar com precisão a correta.
Segundo a medicina, a automedicação pode apenas adiar a manifestação de uma doença que poderia ser corretamente diagnosticada com a ajuda de um médico. Outro ponto negativo é o desconhecimento sobre os efeitos colaterais dos medicamentos.
Alguns medicamentos podem causar efeitos adversos que afetam o desempenho em atividades diárias. Ao dirigir, por exemplo, todos os motoristas devem estar em condições ideais, pois o trânsito exige atenção e reação apropriada a várias situações. Sem o aconselhamento profissional sobre potenciais contraindicações, o uso indevido de medicamentos pode levar a danos sérios.
Neste artigo, apresentarei alguns medicamentos que podem prejudicar a condução de veículos e o que a legislação diz sobre o assunto.
Uma combinação perigosa
Dirigir um veículo requer habilidades físicas, mentais e emocionais. Qualquer fator que comprometa essas habilidades requer a atenção dos motoristas.
De acordo com a Academia Brasileira de Neurologia, 20% dos acidentes de trânsito no Brasil são causados por motoristas com reflexos alterados pela sonolência. Esta sonolência muitas vezes resulta do uso de antidepressivos, ansiolíticos, tranquilizantes e anticonvulsivantes.
Esses medicamentos podem ser prescritos e vendidos somente com receita médica. No entanto, alguns estão disponíveis nas farmácias sem prescrição, levando a possíveis efeitos adversos.
Conheça alguns remédios que causam reações ao volante
Já sentiu sonolência ou cansaço sem motivo aparente? Isso pode ser resultado de medicamentos que provocam diversas reações. Abaixo, apresento alguns exemplos de medicamentos que demandam cautela ao dirigir.
Antidepressivos: Utilizados para tratar ansiedade, podem causar agitação, problemas do sono, dores de cabeça, entre outros. Ao iniciar o tratamento, é recomendado esperar ao menos uma semana antes de dirigir para avaliar as reações no organismo, que variam de pessoa para pessoa.
Sedativos: Seu efeito pode persistir por longos períodos. Mesmo após uma noite de sono, o motorista pode ter seus reflexos comprometidos.
Antidiabéticos: Podem causar palpitações, náuseas, alterações visuais, tonturas e hipoglicemia, afetando a capacidade de direção. Diabéticos devem evitar dirigir se a doença não estiver controlada.
Antiepiléticos: Usados para epilepsia e distúrbios de atenção, causam sonolência e confusão mental. É importante consultar um médico para entender as implicações do tratamento.
Relaxantes musculares: Comuns no tratamento de dores, podem induzir sonolência e afetar o controle muscular. Se automedicados, podem comprometer a capacidade de concentração ao volante.
Estimulantes: Usados para TDAH e em alguns medicamentos para emagrecimento, podem causar tonturas e problemas de concentração.
O que fazer quando estiver em tratamento e precisar dirigir?
Entenda que cada organismo reage de forma única aos medicamentos. Mesmo sob supervisão médica, pode ser difícil prever todas as reações. Esteja atento aos sintomas e, em caso de dúvida, consulte um médico e evite dirigir até se sentir seguro.
Persistir na direção com reações adversas pode causar acidentes e colocar vidas em risco. Conversem com seu médico sobre cuidados no tratamento, o tempo de ação do medicamento e os riscos associados à direção.
Quanto aos medicamentos vendidos sem receita, seja cauteloso. Mesmo sem necessidade de prescrição, todo medicamento tem contraindicações. Busque sempre orientação profissional.
O que diz a legislação?
Em 2010, a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET) sugeriu a inserção de alertas em rótulos de medicamentos sobre a proibição de dirigir após seu uso. A proposta não avançou, mas a preocupação persiste. Infrações em rodovias podem ser causadas por efeitos de medicamentos.
Durante o processo de habilitação, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) exige que doenças e tratamentos sejam informados pelos candidatos. No entanto, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) não aborda especificamente a combinação de medicamentos e direção, classificando-os genericamente como substâncias psicoativas no Art. 165.
Conclusão
O Brasil está entre os países com alta taxa de automedicação. Parte da população acredita ser capaz de autodiagnosticar doenças com base em informações da internet, ignorando os potenciais efeitos colaterais dos medicamentos.
Dirigir sob efeito de medicamentos que induzem sonolência ou desatenção pode colocar vidas em risco. Mesmo sem uma legislação específica sobre medicamentos e direção, é essencial estar sempre atento e buscar ajuda médica.
Já passou por uma situação em que precisou parar no trânsito por conta de um medicamento? Acredita que o CTB deveria ter medidas mais específicas sobre isso? Deixe seu comentário abaixo!
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Referências:
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